sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Era aquela amiga de anos atrás, que eu sempre conversava, ria, brincava. E um acaso nos juntou. Foi assim mesmo, uma surpresa. Num minuto, nos olhávamos como velhos conhecidos; no minuto seguinte, nos separamos do beijo, e já não éramos sequer amigos. Eu não sabia mais quem ela era, e ela também não sabia quem eu era. Dois estranhos, se conhecendo de novo. Foi estranho olhar para aqueles olhos estupidamente verdes e ver que ali estava a sombra da garotinha de anos atrás, mas também a face da mulher que agora eu acabara de beijar. Isso foi a um ano atrás.

Namoro. O mais natural.

Término. O mais cruel.

Cinco meses mais cruéis da minha vida.

Então, a frase que eu sempre quis escutar: Eu te amo.

...

Assim, tão simplesmente como quem diz que vai chover, mas tão marcante como quem diz que vai para a lua catar beringelas atrais com uma bengala suíça emprestada de um tigre siberiano perneta.

E então, eu descobri novas explicações para o enigma chamado "amor". Eu entendo o medo, a dor, a solidão, o prazer de te ter de volta... eu entendo o ciúmes, a desatenção, a diversão, e o seu próprio riso... com se fosse uma onda quebrando na praia... um som forte, alto, refrescante, revigorante... um som que me diz que tudo acontecerá de novo, e de novo, até o fim dos tempos, com as ondas quebram na praia até o fim dos tempos... um som que simplesmente canta a melodia do mar inteiro...

E do riso eu passo aos olhos... verdes, estupidamente verdes... não são olhos de esmeralda, mas são olhos de mar salgado, de alto-mar. Olhos de recife de coral, onde tudo se esconde, onde tudo se completa, onde tudo faz sentido, e cada mínimo detalhe é essencial.

E dos olhos eu passo à boca... Que me diz "eu te amo" como quem diz que vai chover... aquela chuva fina e fresca de fim de tarde, que molha os cabelos e apaga o calor. Aquela chuva que vem pra levantar o cheiro da terra, e fazer você se sentir novo, vivo... fazer você se sentir livre.

A boca que me beija como se fosse o último, como se fosse o primeiro, como se fosse o centésimo octagésimo nono... pois cada toque de lábios é eletrizante... a boca que me dá choques... a boca que é meu mundo naquele pequeno universo atemporal que é um beijo.

e aos cabelos, aos ombros, à pele polpa-de-jambo... à obra do arquiteto por completa... chegando ao pequeno bombeador de plasma sanguíneo, que dói sempre que penso nela; e que pula sempre que eu atendo o telefone e escuto aquela voz... "oi amor!"

Você não sabe o quanto eu senti sua falta...


ValériiaBarreto (L)

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